Resumo: Este trabalho apresenta parte das pesquisas pós-doutorais de ambas as autoras (FFLCH/USP). O trabalho foca nos processos de transformação das ações governamentais sensíveis a gênero no Brasil, na Argentina e no Chile ao longo dos últimos anos, com especial atenção para os mandatos de presidentas (Cristina Fernández, Dilma Rousseff e Michele Bachelet). A partir de conceitos e tipologias da literatura especializada, abordam-se questões sobre a atuação de grupos de pressão e as disputas na arena política para compreender o impacto dos feminismos nas políticas públicas e buscar identificar se essas políticas de Estado atendem focos específicos da abordagem interseccional (gênero, raça/etnia, classe). Tratamos aqui, especialmente, de quatro grandes áreas de ações estatais (autonomia econômica, equipamentos sociais, violência, saúde) adotadas nos três países, observando dois aspectos em particular: 1) o papel das agências de políticas para mulheres e femocratas no processo de formulação e aprovação das políticas públicas; 2) justiça de gênero, ou convergências e dissonâncias na análise feminista (englobando temas como igualdade formal e substantiva, reconhecimento e justiça distributiva, a interseccionalidade da justiça de gênero). Nesse esforço, discutiremos o valor agregado das políticas de igualdade de gênero e resgataremos a problematização de políticas públicas como ações "neutras" ou "cegas ao gênero" vs. políticas públicas de gênero.
Abstract: This paper presents part of the authors’ postdoctoral research at the University of São Paulo, Brazil. It focuses on the transformation processes triggered by feminist-driven governmental actions in Brazil, Argentina and Chile over the last few years, especially during the terms of Cristina Fernández, Dilma Rousseff and Michele Bachelet. Using concepts and theoretical insights from specialized literature, we address questions about lobbying and disputes in the political arena in order to understand the impact of feminisms on public policies, and the extent to which these policies relate to the intersectional nature of discrimination (gender, race / ethnicity, class). Four major public policies areas are examined, namely economic autonomy, social facilities, health, and violence, from three analytical angles: 1) the role of women’s policy agencies in policy making processes; 2) Gender-Aware Public Policies during the mandates of female presidents in Argentina, Brasil e Chile; 3) the intersectionality of gender justice in public policy-making.